O APAZIGUADOR

Hoje é o dia internacional da paz. Acho que bem vale a pena dizer algumas palavras sobre isso, já que estamos, como de hábito, vivendo numa época onde os conflitos continuam instigando o lucro e o desenvolvimento da indústria da guerra, ou indústria bélica. Por que se faz uma guerra, num século onde ja filosofamos o suficiente para desincharmos todos os conceitos e razoes possíveis, para mantermos um status de paz, em prol de guerras, que mais que destruir cidades, matar militares, exterminam civis. Acho que é esse o grande ponto, pois um militar de certa forma, escolheu, ou mesmo não tendo escolha, ele acabou por escolher seu destino, que se pensarmos nas condições que o cercavam talvez fosse o único possível, pois ainda demorará muito para vermos o dia onde as nações não precisarão de armas para se defender, onde a diplomacia atingirá o cume dos entendimentos, e fará com que a palavra e o argumento tenha mais força do que uma k-47. Pois não é possível se matar com uma palavra, apesar de eu conhecer algumas palavras letais, que junto de outras palavras criam uma frase que junto de outras frases criam um argumento, que pode dissuadir a pessoa da própria vontade de viver, ao invés de insuflá-la de vida, caso a autoajuda oferecida seja recebida com tanto recalque, e rancor, e ausência de experiências, que ao se deparar com o tempo que já está mais que na metade da ampulheta, cada grão despedindo-se da vida a cada instante não vivido, podem, as palavras, levarem uma pessoa a morte, sim, a tirar a própria vida. Então é o caso de proibirmos as palavras, pois assim não criaremos argumentos nem contra argumentos, e nem uma discussão será possível nessa utopia, onde reinará por fim a paz. No silêncio absoluto do mundo se instaura a paz como comandante suprema dos homens, por não haver como instituir uma disputa. Portanto, aforisticamente, podemos concluir que a palavra é mais letal do que a metralhadora? Como ja foi dito, no famoso jargão, a pena é maior que a espada! Sim, temos que pensar que ideias levam os homens à ação, e essa pode estar suprida de ódio, caso as palavras tenham sido contaminadas por uma intenção mergulhada na belicosidade, na supremacia, no totalitarismo. Sem palavra não existe guerra. Sem guerra não existe a ausência da paz, que é diferente que a presença pacífica, durante uma era, onde a ausência de belicosidade não determina a paz, e sim a presença do pacifismo, que garante com que a paz seja estabelecida. A ausência de belicosidade é um estado onde esta pode estar a espreita, a qualquer instante, como fomos surpreendidos com a declaração de Putin, hoje o representante da ditadura em seu estado simbólico, ou melhor da ditadura autocrata, distinta da ditadura democrática, que se serve de esteios e princípios democráticos, para velar-se e camuflar-se, mascarar-se e apresentar-se para o mundo sua face sorridente, enquanto para seu próprio povo os caninos de fera se alojam a cada noite cidadã, onde os civis estão sendo caçados meticulosamente, os que são contra o regime, professores, artistas, jornalistas, filósofos e assim por diante, dentistas, empinadores de pipe, caçadores de ratos, dedetizadores de insetos, funcionários do zoológico, do instituto Butanta, as vezes confundido com o Congresso Nacional, mas enfim, como dizia, fomos pegos de supresa, nós, os leigos, que esquecemos já de 2015 da guerra na Crimeia, e o início da expansão territorialista de um fanático do Poder, como se deu a anexação da Áustria uma vez na história, por um ditador eleito democraticamente, assim como Putin, só que sem manipulação das eleições, o Anschluss, para notarem que democracias podem produzir grandes aberrações, isso por não ter o povo as mesmas condições intelectuais, ininteligíveis, a mesma educação, bem como o mesmo desenvolvimento cerebral, visto a deficiência de vitaminas no período de amamentação, e as condições alimentares aquém do mínimo indicado, o que oferece um automático desempate entre cérebros pensantes, que podem não pensar com o pensamento, e sim com a barriga, elegendo as massas populistas insanos e perigosos, que logo após a eleição, ou no momento de devolverem o poder pra geladeira, ou melhor, o passarem como um bastão ao próximo, institui-se um punch, um cup, um golpe. Portanto, se tiverem parado o homem do Sputnik no início, no cenário perfeito de um conto de Tchecov, poderíamos manter a Gaivota livre, fora de uma cela, ou de uma gaiola, não dos loucos, ou das loucas, mas dos contrários, dos inimigos, das possíveis ameaças, sejam elas ainda um pintinho. Saindo dessa pira zoomorfica e aviária, do calvário das penas, a pena de um pavão careca, para comparar Putin ao nosso pequeno ditador nacional do momento, que já vem se perpetuando no podium supremo por algum tempo, o homem da calcinha…rouge! ou melhor, escarlate, pois se digo vermelha, os esquerdistas se ofendem, por ser claro o tom da palavra, mas acredito que rouge, como um mulin sem cabeças, ou escarlate, como a letra X escarlate, passa na censura, e todos compreenderão que o que combato aqui é a pretensiosa esquerda que se apropria da palavra “esquerda” para dizer que não são nem extremistas, muito menos de direita, conquistando assim os mais ou os menos sapientes, incautos e jovens eleitores que acreditam na ideologia, bem como velhos, que acreditaram por uma vida, e simplesmente não conseguem abrir mão de quem são, aceitar nem perceber que mudou-se as regras, o jogo apesar dos jogadores permanecerem, mesmo caquéticos, os mesmos. A esquerda maior de nosso país é um projeto inescusável de poder e domínio, totalitário, que se apropria dos ideais e dos significados relacionados a história da esquerda no passado do país, e no passado do mundo, bem como no presente em raros países desenvolvidos, para ludibriarem as massas e os artistas, que por vezes terem passado uma vida no palco, não perceberam a mudança entre o primeiro e o terceiro mandato, digo, sinal. Foi mesmo um sinal, e sinalizado para todos, desde que FHC se encarregou de passar o bastão para o Injustiçado, o que culminou na indicação de Moraes pelo inofensivo Temer. A esquerda se apropriando da esquerda para agir como agiria quem, a direita? Sim, exatamente igual, abjeto poder supremo de domínio, pois se chegamos a um ponto onde os votos para os projetos de leis eram pagos com mesadas, a distinção esquerda direita não faz muito sentido, a não ser que apenas se opere esse pagamento para os de casa, mas quando a coisa vasa, é todo mundo na Casa da Mãe Diná, porque como já disse, a santa Joana foi queimada na fogueira. O que certamente ainda se passaria por aqui, se de alguma forma não tivéssemos um patrono as vezes malo as vezes buono, o símbolo da liberdade, o Anjo da democracia, os Estados Unidos da América. Querendo assumir ou não, eles “cuidam" de nós, colônia de exploração, ao contrário de uma colônia de habitação, que foi feita para que as leis sejam eficazes, e os princípios constitucionais se mantenham vivos e atuantes, como "louros régios" da República, que tem como a Liberdade, e a Igualdade material entre os homens, bem como a igualdade espiritual, a Fraternidade, que garante que o povo seja apesar de mestiço por várias raças, um único bloco, com identidade própria e vox popoli, que se faz escutar nos recantos encantados sem cantos do Congresso, bem como na eficácia de leis que partiram de costumes, que mudaram e revogaram outras leis, ou criaram do nada, uma nova norma, para regulamentar fatos típicos bem como atípicos ao ordenamento, que precisava ser constantemente revisto e atualizado, como todos os ordenamentos do planeta, que sofrem uma carência objetivada pela não atemporalidade dos fatores nucleares do tipo, bem como de seus predicados. Agora, é possível um sujeito não pacífico, conectado ao predicado da paz? Será isso possível? O prêmio máximo da paz ser entregue a não pacificadores, mas a belicosos que resolvem por uma intenção particular terminarem com uma guerra, uma ausência de paz, que já havia destruído o suficiente para falência de um par de companhias de seguro. Como estabelecer a paz num país polarizado, num maniqueísmo que servirá para ambos os lados, sendo sempre o mal o que está do lado de lá, e nunca minhas calcinhas verde amarelas penduradas no varal, expondo pro vizinho uma intimidade que ele não seria de todo obrigado a ver, caso houvesse mais espaço entre as pessoas cujo estômago ainda não se viu representado verdadeiramente, no Executivo, pois a picanha não chegou, mas pelo menos evitamos uma chuva de canivetes, que poderia impedir que escolhêssemos o próprio queijo, no caso o Brie. Estamos aparentemente em paz, no meio de uma silenciosa guerra, dos entendidos contra um Judiciário Ditador e Tirânico, que promove uma hierarquia desproporcional entre os poderes, e serve apenas para garantir a impunidade daqueles cujo foro privilegiado protegem da justiça comum, onde felizmente há ainda juízes honestos, que apesar de serem tolhidos pelas súmulas vinculantes, dentro de certos assuntos, ainda não vinculados as súmulas, podem arbitrar de acordo com a lei, ja que quando não há divergência de interpretação, dubiedade, omissão, falta de clareza, ou lacuna, não há necessidade de sumular-se nada, pois a lei ja exerce esse papel, no caso o artigo da lei, que dispõem sobre determinado apêndice da mesma. "A ditadura da suprema magistratura”, pois basta-se observar em grandes regimes autocráticos, o papel fundamental que exerce a corte Suprema, por ser um carimbo de confiabilidade e legitimidade para com o governo ensandecido, que não pode primar-se ainda de uma certa legalidade declarada, mesmo que seja apenas uma inócua declaração, oca e desconectada da substância que preencha de legalidade atos absurdos, a ética, digo, e nem tanto a moral, pois visto a imoralidade invertida em inúmeros casos dos sistemas de governo, como do Pinochet por exemplo, teremos a imoralidade moral como norma e atmosfera vinculante de um Estado, quando se tem a aparente legitimidade do Poder, adquirido por um golpe, ou seja, ilegítimo por nascença, que poderá justificar-se como um governo provisório, adoram essa, para assim se regulamentarem de uma apropriada e manipulada eleição. A imoralidade moral vs a moralidade imoral, essa mais difícil de ser justificada, mas não de todo impossível, pois o que mais vemos também em regimes sinuosos é essa maleabilidade dos princípios supostamente eretos. A imoralidade moral é justificada por ter-se no descalabro uma tese ou uma filosofia desenvolvida justamente para eivar de naturalidade e justiça aquilo que por si só é imoral, dentro de uma ética absoluta, possivelmente inatingível, mas cujo fim seria o caminhar salutar de todo e qualquer regime em sua direção, sendo uma monarquia, sendo uma República. A moralidade imoral já tinge a bandeira tricolor com sangue, é quando existe um funcionamento típico e organizado num sistema que aparentemente perfeito, pela sua grandeza e respeito ao ser humano, está corroído por dentro, ou por trás, não sendo aparente a sua desfuncionalidade, apenas perceptível quando la maison est tombé, quando a casa cai, ai sim, aclarando-se e completando o termo moralidade, com o posfixo imoral, quando fica aclarado para todos que aquela perfeição não era apenas uma bandeira para cegos, como um cata vento para tempestades, onde a aparente funcionalidade só funcionava por estar a podridão não escancarada, mas guarnecida por leis que a impediam no caso, por exemplo, de um país com a China, que tem uma legislação específica para o caso, mas utiliza-se de trabalho escravo, ou análogo a escravidão,fazendo vistas grossas como impulsionando o mesmo, nas condições ideais que acusam o exercício do trabalho como algo já superado pelo ocidente desde o século XIX. Portanto, temos de um lado a imoralidade moral e do outro a moralidade imoral, sendo que na primeira se transforma em justo o injusto, e na segunda se identifica o injusto no justo, uma pequena, porém singular diferença. Agora pergunto? É possível a paz imoral? Aquela tratada pelo Tratado de Versailles, foi um acordo de paz moral? Logicamente que não.Ou podemos dizer que foi moral para os franceses, e imoral para os alemães, sendo anti-ético para ambos. Temos ao longo do planeta, principalmente nas substituições de regimes, uma série de acordos de Paz imorais, que privilegiam no poder a casta da minoria, relegando a pobreza a maioria da população, ja acamada pela guerra civil, como os Sunitas no Iraque,ou até mesmo pelos bolcheviques, vermelhos e brancos, que entre si resolveram na espada o que deveria ter sido diplomaticamente resolvido na pena. Agora vale a pena, diplomaticamente universos como o da ONU, se não possuem uma alçada de interferência na soberania dos Estados em conflitos, emitindo pareceres que promulgam a paz, mas não a outorgam? Voltando ao Tratado de Versailles, que mais que um tratado de paz foi uma humilhação, que serve para exemplo maior que as vezes é preferível uma guerra cujo término seja adiado temporariamente, do que um tratado de paz mal feito, injusto e comprometedor. Assim deixo minhas últimas palavras louvando Nelson Mandela, que mais do que conseguir sobreviver aos anos infindáveis de confinamento, 15 longos anos, conseguiu impedir uma guerra civil em seu país, entre brancos e negros, e entre os negros, entre negros e negros, entre aqueles que não aceitavam de qualquer maneira um convívio pacífico com os brancos, que por muito tempo humilharam e agiram como bestas brancas em relação ao resto da população segregada, apartada dos mesmos direitos. Deixo que a paz é uma palavra como o amor, cujo significado compreende uma infinita definição, bem como finitos porém valoroso adeptos, pacifistas do mundo, obrigado por ajudarem a nós, humanistas da ainda manca humanidade, continuarmos acreditando de que o sonho não morreu, The Dream is not Over, principalmente depois de estarmos finalmente começando a levar mais em consideração o ser humano por de trás das fronteiras, apesar que ainda hajam fronteiras que apartam seres humanos de direitos fundamentais. Agradeço a todos que avançam juntos nesse projeto de pacificação global, para que um dia bazucas e metralhadoras sejam vistas em museus, não desprezando a funcionalidade de uma arma, mas apenas levantando uma questão, alguém ja imaginou um mundo sem elas? Isso mesmo, não precisava ser a arma proibida, apenas inexistente, teríamos alcançado a civilização que chegamos, ou teríamos a superado. Pois as vezes a comunhão total entre os povos, por mais utópico que pareça ser, é o fim a ser conquistado e implementado, depois de longa caminhada, nos aproximarmos de nossas conjuntas morais, e estivermos próximos da tal ética universal, absoluta, e inamovível.

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