Recorte do capítulo 28 do meu livro DR FRY . . . . Dito isso, Fry volta-se para o interior de seus pensamentos, onde encontra uma grande dose de desolação e descrença na vida. Respira mais fundo, e fuma mais um pouco. A pedra tinha caído no tapete, teria que pegar uma lupa para enxergar melhor sobre o chinês. Felpudos chumaços de cor, ele se agachava e com a lupa vigiava a superfície de seu gramado sintético, enquanto Max se resolvia no banheiro. E aquele banheiro, decorado por uma estátua da Nifertiti, se transformava na caverna que ele procurava para satisfazer seu dilema intestinal. Aquele papel higiênico tão macio. Estava na hora de assumir um papel, dava descarga como alguém que conquista um império, e sai de lá pronto para iniciar sua nova vida. Assim se dava, abrindo a porta e olhando para Fry, que de quatro se encontrava em busca das pedras, ele instintivamente começa a proclamar seu destino. Eu, Max Fafner, venho até vós para exibir a flama de um hino. Estou como um cidadão que perdeu sua crença naquilo que ainda esperneiam por assim dizer, a democracia. Sempre fui íntegro naquilo que pensei, e se posso formar uma opinião que embala muitos de nós, é porque sempre lutei envolvido com o cerne de nossa causa, que é deixar para essa e a próxima geração um país mais livre e justo. A justiça se perdeu no meio de uma retórica cega que busca apenas culpar quem não acredita na mesma e uma só verdade. Vivemos diante da aberração cívica onde foi suprimido da realidade sua versão mais sincera, onde a luta pelos direitos humanos se tornou um palco para distorções perigosas que levam os encarregados da toga a sentenciarem com rigor extremo aqueles que pensam de acordo com a razão, de modo claramente discordante. Eu gostaria de atestar que vivi na pele de Ajax, e como ele enlouqueci, achando que meus governantes eram senhores honrados quando de fato eram vacas e touros, sedentos, e esfaimados. A voz da fome prolifera feito vespas na colmeia da escuridão. O grito de um lobo na dimensão obscura da mata, olhando para os seus olhos, dentro, onde oásis nenhum penetra, onde a sede do fervor de uma dor pulsante demais, expele as palavras para dizer basta. Os nomes são trocados, e quem supostamente deve cuidar assombra. Órgãos públicos são transformados em palácios. Os palácios dos palácios. Essa dor de saber que se perde a esperança, que chora, e lágrimas arrancam de nós essa confissão, de que estamos perdidos. O minotauro vaga na escuridão pública. Argumentos são criados para proteger o absoluto falso, o alçapão do homem, a vírgula de uma nota de terror. Como um camponês famigerado pagando o tributo em dobro. A lição de estar e ficar sozinho, de ter que se virar do avesso de cócoras, para entender que não falam mais sua língua. Apesar de tudo, eles dizem, que são socorro. E no pedido de ajuda se morre de sede, a voz rouca tampa o sentimento ávido, pontiagudo, o sentimento de que não mais é permitido ser livre. Assim eu peço, para abrirem os olhos que foram tapados com cera. No mastro da liberdade os verdadeiros preceitos se agarram, nessa indômita tempestade, que corrói as lavouras da pátria. Se encapsula a palavra fome num conceito, e usam essa palavra, para aprisionarem os estômagos, lucrando votos com o esqueleto do outro. Não posso esmorecer por falta de coragem, ou por falta de historia, quando histórico foi o dia que um desperto pegou numa machadinha, numa foice, num pedaço de paz, para arrancar do covil estilhaços da janela, e alvejar o couro de um acento que foi instituído para agasalhar anjos da guarda, e não anjos do pecúnio. Eu enredado no fio que me conduz para a libertação pessoal, sou obrigado a sacrificar meu fôlego para abraçar o coletivo, para ensinar, que vivemos uma guerra invisível, visivelmente posta como autoridade, como certeza de uma razão, que torpemente retorcida, foi costurada na nuca de cada um de nós, de modo que só vemos quando estamos de costas, com os olhos cegos, andamos assim em fila, para ler a tal verdade desmanchada, insuflada por atos revestidos de malícia, quando a quase inocência esperta foi solapada pela desmesura calculada, quando a luta contra um vício, o vício da corrupção, acabou por gerar mais novelo nessa barca infindável. Se deduz uma mentira a partir de um fato que foi corroborado por uma verdade, não significando que ele ou sua interpretação sejam verdadeiros. Assim se simula uma investida pela paz, pelo senso cordato, pela estima do social, do outro, do menos favorecido, que é usado nas patas desses algozes do povo. O pajem fica reduzido a uma cova. E lá, eles vão buscar o alimento pela fé, quando são obrigados a não pensarem demais, e ouvirem o sermão para serem não esclarecidos, e sim anestesiados. Esses animais perfuradores de destinos, que pensam no esquema todo como um grande jogo, uma partida onde somente quem manda sorteia a carta, carta magna desmoronada, feito uma peneira, esburacada por aviltamentos dos mais retóricos, dos mais mesquinhos, quando ilicitamente se apropria do bem para cometer um mal. E fazendo o mal, protegido e blindado com um casaco de pele, com uma película da ilusão, se avança contra o inimigo, que cada vez mais acuado, chega quase a perder a razão, lutando com armas contra aquilo que mostra ser apenas um absurdo. Esse absurdo de sociedade iletrada, que serve para alimentar os letrados hipócritas do presente, que vestem a máscara do social, do direito de ser humano, para exercerem a espúria prática do mando. Síndrome do poder absoluto, síndrome de deus. Como se meu destino pudesse ser real, e de fato eu pudesse gritar um uivo de revolta, eu adormeço numa noite de pesadelo. A lei é inventiva, deliberada, discricionária, perversa, sim, perversa, pois não existe em sua nudez, em seu objetivo primário, de manter os princípios em funcionamento, manter a eficácia do sentido, que se dá para uma sociedade livre e próspera. Não, os senhores honrados tomam a palavra e subvertem o sentido, se apropriam da falta de erudição popular, para fantasiarem um assalto com a gravata de 171 executivo. Foi-se o tempo que um juiz podia julgar de acordo com o direito. Foi-se o tempo de um juiz poder proclamar sua distinção em relação a um fato, seu semblante de acordo com a justiça intrínseca a sentença. Foi-se o tempo que a justiça era livre dessa algema internacional de déspotas fantoches de uma quadrilha-organização. Um conglomerado midiático não permite que se acuse alguém, com justificativa de que se atenta contra a honra, a honra meus senhores, com justificativa que se incorre em calúnia e difamação, quando chegamos ao ponto de não podermos mais chamar um ladrão de ladrão, sequer um presidiário de presidiário, muito menos um terrorista de presidente, que se turva por comentários anti-semitas num raciocínio que muito revela sua tática televisiva e partidária, sua tática de guerrilha e batalha: sua capacidade invejável de se apropriar de uma causa para ludibriar o olhar atento de todo e qualquer um... utilizar os direitos humanos como uma muralha, um adesivo, uma desculpa para assim vender sua imagem de zelador do objetivo comum. Acaba-se por perder o foco, pois sempre haverá pobreza o suficiente para se enriquecer as custas da fantástica ilusão. É mesmo fantástico, é mesmo incrível, esse dolo, essa volúpia sanguinária, essa sede pelo poder. O que se faz para se manter intacto “primeiro ministro”... se ao menos o parlamento fosse livre de uma influência direta, ambiciosa, e assassina. Quantos desaparecem por dizerem... por constituírem uma séria ameaça a desrazão, a tirania, ao projeto desmedido de ganância e ouso dizer, ódio, reprimido ódio contra tudo que não seja escravo, tudo que seja livre, tudo que arrisque em contradizer mesmo através do silêncio, o sermão absoluto de um jugo máximo, de um ilusionista ardiloso, de um tubarão na pele de um peixe palhaço... e viva o circo e a carne moída...carne de gente, servida numa bandeja distópica, de plástico cinza, com um terrível buraco no meio... Nesse momento uma centelha de iluminação humana se desprendeu do teto, e assolou os assentos da análise, que ia aos poucos se transformando no julgamento dos personagens. Assim, a cortina deixou transparecer um risco de liberdade, para quase provocar o todo do contexto, quando apenas um risco não seria bom o bastante, não seria suficiente para se dizer, “stop, it´s good enough”. Era o desmanche de um falso equilíbrio, que tenuamente acontecia entre camadas subjetivas dos entendimentos, quando se julgava ferinamente o bem proposto, a obra não conclusa com anseios de libertação, de verdade, de revolução. Apenas uma revolução, na... na latrina do consultório, nas artimanhas do Alvorada, na intimidade revelada poderia ser o bastante pra convencer as freiras de metralhadora e o bispo preto de que estamos rumando por águas não caudalosas, apesar dos rodamoinhos... de que estamos de fato em busca do mesmo vento de sempre, com a mesma intenção fortalecida, e que a aparente provocação não passa de um estulto e astucioso argumento que prova e desmancha a perfumaria adversária, mostrando em loco, ao vivo, a cores, o tamanho do estrago que é feito nos cofres, na moral, no sentido nacional de cidadania, no contexto todo, assim, mostrando em vias proporcionais o que está sendo e o que foi, de fato, foi construído nos confins da democracia aniquilada. Ainda sobrou a ilusão de um personagem fora do centro comum, dele não ser ele mesmo, e ser alguém em busca de uma historia, quando isso deixou de ser importante, pois passamos a perceber o que é feito diariamente nos bastidores, e como isso encobre essa fornalha de interesses egoicos e mesquinhos, esse locupletamento compulsivo, esse desmedido trago de pepitas e lustrosos diamantes, nessa alcoviteira mina de ouro, que é nosso gigante estraçalhado, que de enfarto grave quase morre e permanece em coma. Essa parada respiratória, onde para-se para respirar e tomar um fôlego expressivo, se discursa mais sobre a verdade, que por mais variável e inapreensível que possa ser, pelas discordantes opiniões, tem-se em último uma definidora estampa, que demonstra claramente que o bom senso diz muito falando o mínimo, de que se deixarmos um pouco de lado as divergências aceitáveis, podemos encarar a verdade, e assumir de fato que vivemos numa era, num período, num tempo de total embuste. Não só os mesmo vilões que foram excluídos da trama legal, do fio da meada, da linha de raciocínio juris confessional, retornaram, como os feitos conquistados são vergonhosamente desfeitos a luz do dia, como a soltura de bandidos no meio do salão dos querubins, como a revogação e anulação de atos que deram ao mundo a esperança de que valia a pena lutar... por uma amizade, por um ideal, pela pátria que seja, não desmerecendo o exarcebamento patriótico, mas se luta em último caso por mais que isso, quando pátria é apenas uma palavra vazia e ilusória, sem o ser..., se luta por liberdade. O que é liberdade? é a sensação consolidada de uma segurança humana e real, de se poder ser quem se é. De ser de fato quem se é, e não quem querem que sejamos, no caso, ou cabos eleitorais ou fungos no deserto do anonimato. Ratos descerebrados viciados em morte... ratos presos na constância do absurdo, cobaias de um experimento filosófico e social, um jogo de poder que ultrapassa o indivíduo, e o transforma num meio para o fim... diamantes e champanhe... e falsa glória, porque mesmo as mentes deturpadoras do algoz, dos algozes, sabe em última percepção que a culpa é real, e que se mente de tanto mentir, que em último caso, foda-se o povo. Isso, essa palavra que buscava para ilustrar a pergunta, o que é liberdade... depois que tentamos aprender a ideia de liberdade num frasco de perfume, podemos dizer que liberdade é o perfume solto no ar, depois de esborrifado... e por assim dizer, retomamos o povo, que passa ser apenas uma palavra interesseira, uma palavra que oprime o próprio povo, uma palavra que é a calcinha do demônio... isso é o povo, a calcinha do demônio... ela tapa o rabo do capeta, e satanás de fio dental, dançando Aquarela do Brasil, fumando ópio “chinês”, pisa em cima de si próprio, escarrando sua arrogância na cara das pessoas, e chamando o adversário de cúmulo de Deus, de verme da apoteose, de pena frouxa da Sapucaí..., brinco, pena de quem não tem pena...oh pena capital e pequena, chamando-o mesmo de pária abjeto. Essa é a redoma que nos encontramos, na sala do analista, quando Doutor Fry ousa ficar de cócoras buscando suas pedras. E depois o problema da sociedade é os fumadores de crack. Como se isso não fosse mais uma distração usada para o noticiário ter o que dizer, ter o que reportar quando silencia o óbvio, quando deixa de denunciar, de cumprir-se essencialmente, como quarto... poder, quando não pode sequer dar nome aos touros, e vacas... Max como Ajax se confundiu não porque é parvo, mas porque as filigranas dos detalhes do embuste é tão bem feita que atinge o âmago da sociedade e repercute de uma forma colossal, que o rodapé do teto é feito de gesso, e polido de acordo com a luz do dia, para assim, numa armadilha global enredar o andarilho caçador de verdade, o espantalho que se permite certa mobilidade, que sorri pro corvo, o atum...ba... atumba.. à tumba de Tutancâmon é sequestrada num tiro, num ato, num flash que é só pra inglês ver... e francês passear de turismo no Egito, com tíquetes do Louvre... retorno, essa farpa foi porque anjo Emanuel é um tanto quanto chegado numa ofensiva grave, numa retórica bajulativa, numa amizade amoral... amorais são os pilares da vossa retórica, meu caro lustroso senhor! Guarda costas de cafetões da nação! Mas, diferentemente de Ajax, não se suicida... não se mata no final, pois ele é a esperança de nosso labirinto. Ele apenas fez e teve coragem de fazer o que todo mundo um dia pensou em ser feito. No começo, da historia, ele pensou em voz alta. Isso, pensou com seu ser condoído pela árdua marmórea certeza de que isso também empurraria tudo para frente. E sem pensar nas consequências, naquilo que poderia custar sua própria vida, ele não esmoreceu, e ainda concluiu de forma brilhantemente perigosa, apenas dando os nomes aos bois... sim, ele fez o que ninguém teve coragem, de dizer, e não quer se vangloriar por isso, apenas erguer em sua defesa o mérito e deixar bem claro a pureza de seu coração. As vezes somente uma criança para dizer que a porra do rei é viscosa... ou que o rei está nu em outras palavras. Assim, eu apresento meus votos para que ele inicie sua jornada e consiga atravessar toda maledicência, e toda insensatez, toda loucura coletiva. Todo olhar julgador. Apresento seu membro, perdão, sua narrativa como antagônica a todo espectro de tirania, como um aríete contra toda e qualquer ditadura, principalmente a ditadura velada, camuflada, ardilosa... a ditadura democrática... a rosa lustrosa contra o espanador do ogro careca... um dia não entenderam o que ele fez com o símbolo principal... não entenderam que se contrapunha as intenções e a todo poder figurado, toda significação distorcida, tudo o que fizeram daquilo que deveria ser uma gota de pura verdade, num oceano de solidões metafisicas, de entes providos de uma sensibilidade extrema, ao mesmo tempo, junto com entes providos de uma carência extrema, e juntos, cegos pela força do símbolo, deixavam de se aperfeiçoar como seres humanos crendo que tudo será resolvido em outra dimensão, que o fatalismo determinista de suas vidas está conjurado pela expectativa divina, e que mansos, como cordeiros cordatos, encontrarão um reino além desse nosso instante, dessa nossa primeira e última vez. Max se rebela contra essa pacificidade ignominiosa, essa corrosão do raciocínio, essa preguiça intrépida, esse desleixo metafisico, essa embolia social..., sim, ele se rebela como nenhum outro, e deixa claro que estamos para luta, proporcionalmente aqueles que estão para o retrógado e para escravidão. Eu confesso, que se fosse eu mesmo, na linha da bala, eu preferia abrir mão de quem sou, do que deixar que uma mãe enterre seu filho, sim, eu não quero perder minha vida, meu ser nessa pele de algo, que se manifesta como um escritor de mundos, um contador , um simples contador de historia, eu não consigo parar, não quero ser quem sou, mas não posso evitar, ao ponto de querer ser exatamente aquele que é. O escritor não passa de um ofício, que enseja em um personagem, que existe para se fazer crível personagem apenas, quando na verdade antes de mais nada sou eu, por trás desse olhar na fechadura, olhando atrás da porta, querendo meus amigos de volta, e querendo brincar... de dançar com o cu da alma! Essa é a verdade, se pudesse apenas brincar.... mas esse descalabro humano me impele, e Max agora será meu escudo, fique isso bem claro, para viver uma historia que só eu posso... não.. nós... somente nós podemos contar... sim, porque não estando sozinho sofro como um... e ele retoma seu lugar no analista! Eu, Max Fafner, filho de um pai questionável pela sua vontade desmesurada de domínio, um manipulador da ordem e do caos, um in...verdadeiro doutor com D mais.. úsculo...másculo... um dia meu pai concedeu a liberdade a um semblante da perseverança e da restituição... ao semblante do Amor, o Deus que também chega a ser escravizado por símios, ilusionistas da película da vida. Antes de Gorgona entrar em erupção, e tudo ir abaixo, o retiro intraduzível das montanhas, o quarto escuro, ele me mandou um pombo... uma pomba... uma bomba... dentro de uma garrafa de Jack Daniels, num pergaminho de inspiração egípcia, com os seus hieróglifos escritos em português... yes, he did it! E lá ele me dizia, que por mais criminosa que podia ter sido em parte a sua conduta, pois não esqueçamos da dubiedade que todo ato implica, a dialética de cada respiração, e de que também o mais vil dos estupradores pode ser concedido um momento de tranquila amorosa manifestação... e assim, dizendo, que por mais criminosa que poderia ter sido sua administração no instituto Fafner, o seu legado e gaiola dos roucos e maltrapilhos, ele aspirava a independência de meu destino, deixando como herança algo além da maléfica reputação, e sim, a distinção de uma conduta que por mais vergonhosa seja, não deve interferir nos meus passos, ele escreveu... que eu estou além da sua lendária destruição... que devo rumar livre nessa obra sem a culpa de ter sido filho de um grande homem, ressaltando que grandes homens da humanidade são em certo compasso, vilões... ao menos, controlados vilões da gloria e da fama... isso não podemos nos eximir, nós, artistas não da fome, mas da magia, nós não podemos nos eximir de pecarmos pela intransponível força que a fama trás para a vida, maculando se não tivermos muito claro a noção de si, as intenções reformadoras e instituidoras de liberdade... não sei se fui claro, mas quando proponho, ou quando sei que propuseram a questão, o que é liberdade, e digo que se trata do perfume depois que esborrifado, é porque a minha vida inteira senti que ao meu entorno existia uma cela, e que além dela poderia existir uma vida por trás das grades, que me acompanhavam quando o outro ousava olhar de verdade, e eu me submergia no olhar alheio para não sentir o fluxo livre e vital. O outro diáfano, o amor da vida, o melhor amigo, o pai, a mãe, o irmão, o professor, o demagogo, o padre, o médico melhor do mundo, a empregada, revelando até a culpa existente a cada vez que pronuncio essa palavra, empregada... sim, por isso estou na terapia, para me acalmar diante dos outros, dos desprovidos de lar, dos empobrecidos materialmente ao ponto da pena, e daqueles que oposto, são vorazes águias do submundo, certa nota de orgulho por serem sim, quem são, independentemente das opiniões e das vozes... eu ainda tenho que resolver os pais dentro de mim... minha mãe é uma virgem, e quando estava naquela igreja, quando estava naquele beijo, eu sabia, que somente a morte iria nos separar... eu tinha que me emancipar dessa vertiginosa ladainha espiritual, para poder gozar de verdade, para poder sentir na próstata o que muitos sentem somente com a bolsa... não, não essa, a de valores mesmo... isso, digo que tudo isso, serve para podermos acertar nosso compasso, nosso ser... o que me salva é o propósito, e por mais pessoal que aquele beijo foi, uma declaração de amor à vida, eu confesso que não queria sofrer as consequências da verdade... a página no jornal, declarando que sou um infame masoquista, que como anjo da guarda, ainda não atingi a plena maturidade, e que não posso arcar com os acontecimentos originados por causa de minha verborragia clássica quase epilética! Sim, não me suicidei no final, mesmo porque estamos apenas começando a historia, finalmente, consegui provar o sabor de um começo, e agora sinto, que por mais que perca minha intimidade terei a meu dispor um futuro livre e cheio de aventuras.... o senhor Winchester está esperando audiência, eu espero a cabeça de Herodes... apenas isso, e um beijo na boca, esses de cinema, esses que tiram a gente do centro, nos fazem levitar, e faz com que saibamos pelo primeiro beijo que beijaríamos por toda eternidade. Sim, eu confesso, foi forte demais, até para mim que me julgo com um bom bíceps... foi forte e visceral, foi longe de ser cor de rosa... mas foi uma das melhores coisas que fiz na vida! Denunciar o brilho do vento! Sedosa rosa que se aproxima da mística de um poeta fora da comum imaginação... petrificado no Parthenon da existência... dos homens, isso, da existência dos homens. Retomo a ampulheta onde versa o tempo o teor da linguagem, romântica demais para ser esquecida, ritmo de uma ancestralidade africana, onde somente a pele de quem vive a pele pode contemplar assim a beleza do infinito. Isso, o infinito, onde temos que nos reencontrar, não querendo insinuar uma performance de malabarismo milenar, espírita... transmigração de almas onde no atomismo não de Demócrito mas de Epicuro encontro o senso de uma verdade doída e áspera... de que no máximo seremos adubo e dele uma flor, se tivermos sorte... adubo de uma roseira vermelha e branca! O atomismo de que se diria em californianos garranchos estruturais, OS ÁTOMOS SÃO ETERNOS, exatamente como Whitman insinuou na relva de seu prelado... somos o que os poetas fizeram de nós, numa humanidade salva pela poesia e pelo sorriso de uma criança com rosto de querubim! Se ao menos conseguisse olhar um quadro de Rafael da mesma forma. E pensar que meus inimigos acusam que insisti em casar na Romenia. Se ao menos isso tudo não fosse simbólico, e me desse um arem de fulvas luas... cheias, repletas de poemas sobre esbelta escuridão, misteriosa melodia, a noite, que como Antonioni em algo que traduz essa nossa incomunicabilidade num exercício da alma essencial, do humano valoroso por seu próprio furacão... o ser humano deve se aquietar...minto, deve se abraçar na própria tempestade! Repito. O ser humano deve se abraçar na própria tempestade. Isso dá um belo quadro, quando Turner pensou em inventar uma mancha, no canal... de belos emancipados dentes sorridentes... dentes... as vezes...sim, caninos, priapicos caninos da paisagem... ele disse o que quero agora dizer... turner... Tina Turner.... percebem, como saímos do paisagismo inglês e vamos para a pura expressão da liberdade e emancipação de Ike, no cenário pleno do rock e drogas dos anos 80... o que me disse, num Bizarre love triangule, que um ménage com o demônio pode te levar ao enforcamento... ao próprio enforcamento. E agora, que devo fazer esse pacto. Devo anuir, com minha vida. Não sei se entenderam, mas eu era carente de propósito, sendo ainda mais realista, de historia, mas a historia real... e era filho de um pai que acima de meu pai, se pronunciava como elemento de criação, como um espécie de deus, quando sei que além de Jack existe um mundo... eu, com essa centelha de dúvida, desprovido da ingenuidade paralisante ou deturpadora de aguda percepção, não poderia simplesmente deixar o dado parado na roleta... se é que podemos misturar as duas coisas. Então, ao me perguntar sobre o sentido disso tudo, e sobre a origem, sobre quem sou de fato, além do filho de Fafner, tendo que buscar a mim mesmo no meio de tempestades de terremotos incalculáveis, decidi, eu acho, ainda não perfurei o dedo com o abridor de faca, me vislumbrei aceitando o inaceitável. O pacto. Dr. Fry, esse ponto referencial das contemporâneas citações, me empurra contra a parede, nesse antro onde psicologia e satanismo se misturam sem necessidade de anuência, e diz que pode me revelar não o sentido, mas a próxima fase... descortinar o imóvel do mundo, o raio x que enxerga atrás do muro, e revela que dentro de nós, embaixo da pele existe ossos... os ossos da vida. Cnossos! Ele me garante uma historia real, e a revelação de minha própria identidade, descolada do autor dos riachos de vaga-lumes. Percebem ? Que para poder lutar pela Liberdade tenho que primeiro lutar por mim mesmo, e para poder acusar e detratar com razão os meus inimigos, lógicos... inimigos lógicos... eu tenho que penhorar minha alma sobre uma luz de penumbra! Exatamente isso... a chave disso tudo está num pequeno detalhe, que para garantir a seriedade do meu compromisso, abro mão da minha intimidade, de toda, toda ela, e deixo que o comandante Winchester instaure seus cinegrafistas ao meu redor, 24 horas por dia, 7 dias por semana, 366 dias do ano, até durar a ternura da fascinação, e eu aguentar a intensidade da vida a mil quatrocentos e oitenta e três quilômetros por hora, rompendo a barreira do som, para fazer de minha vida um auto falante, e de meu empenho e luta um exemplo, entendendo toda responsabilidade que a decisão de tomar um copo d´água pode acarretar. Entendem? Esse é o tesouro do Dr. Fry. Ele pode me dar o que ainda não tenho, mas já vislumbro... o sentido! Somente assim poderei discorrer sobre a indomesticável liberdade que a todos toma por coadjuvantes se ela não for eleita a essência principal. Sendo livres podemos respeitar o outro, e não agredir, se o outro for e tiver certeza de sua liberdade. Quando o outro não é livre, nossa liberdade o atinge, e como numa ofensa o leva a se machucar com sentimentos de clara resposta a nossa fantástica aparição. Sem liberdade não existe cura. Se o outro não for livre, se ofenderá, e te julgará, causando um desequilíbrio na atmosfera subjetiva da ambivalência do mundo pessoal. Por isso, não só por isso, mas esse é um dos fatores fundamentais berço de todo e qualquer preconceito. Somente um escravo pode se ofender com o brilho de um grilhão. Somente um grilhão livre de verdade pode ser leve nos pés de seu amo. Somos todos tomados de nascença por asas deslumbrantes, envergadas no sublime da eloquência... humana, eloquência humana, pois as asas natas são tolhidas pelos tais costumes mal interpretados a nível de fazer uma ferida calar sua dor. Nossas tolhidas asas sangram. Elas se tornam um fardo que não deixa o coração voar. Temos que fechar os olhos para essa ignorância destemida, do narciso ego, do narciso átomo, do narciso anti narciso. Se aceitem, sem a necessidade de rimar. Enxergar que podemos pular... sim, eu pulei com o primeiro beijo. Posso dizer que amei Eurico. E por isso o matei. Para aniquilar em mim o olhar cego do outro diante de uma manifestação titânica de fé descorada de luz, desprovida de entranha. Somente renegando o subterfugio da fé é que podemos um dia ter fé de verdade. A fé em si mesmo. Por isso uma faca e não um tiro. Como Bibelot nas ranhuras de Nelson, eu empenhei aquela arma... desculpe, ele usou um revolver. Como um... um... quem me arrepia com a faca mesmo? É forte demais declarar isso, por ser um tanto que comercial. Mas depois daquilo, tudo é permitido, menos mentir. O Rambo. Isso, como um Rambo eu penetrei a lâmina em seu fígado. Eurico gemeu últimas palavras antes de morrer. Ele disse... na vastidão de um império sacro que se desmorona, ele disse.... Obrigado! Novamente uma centelha do ensaio da luz se afinou para além dos tecidos...da cortina, e penetrou no ambiente expandindo-se como um final de túnel na análise gratuita, pois Max não pagava consultas. Ali, ela brilhou feito a espada do guerreiro suicida, que no seu íntimo morria por ter invejado o sorriso de Aquiles... o capa...a capa... da discreta enunciação, do perene lendário capacete...elmo...escudo... espada ... espada... essa navalha a qual todos nós estamos submetidos. O fio da vida. Esse sorriso que vale a pena um pulmão. O lendário Aquiles que preferiu morrer cedo... antes de um afrouxamento dos intestinos, do chacra básico, do tal instinto de transformação. We will survive! Não importa que perdemos o jogo, pelo menos deixamos claro que ele era bissexual. A tal Drag Q..., vencendo os minutos de tédio que significam viver na calma e na senescência. Eu não posso deixar meu paciente... Não, sou o narrador. Tenho que sair da primeira pessoa, para aprender usar a segunda. Quisestes dormir comigo essa noite...trotzdem... a máquina de cartão não passou. Assim a centelha divina que penetrava a alcova do analista se expandiu. Dr. Fry assumia o volante de ligações ainda proibidas, por não terem sido lidas, as tais ligações perigosas. Sim, ele esteve diante dele. Nunca me esqueço... de sua força naquele palco. De sua prevalência... de sua elegância. Falava o dito texto, pois alma és, como um mergulho fluvial de uma gota que sabe desaguar no oceano. Ele, com um magnetismo que somente naquele instante eu poderia sentir. “Eu moro a duas quadras daqui”! Não quis dizer esse John. Mas se posso continuar dizendo, eu atesto que senti que queria sentir o que ele estava sentindo. Quem sabe um dia ainda chego lá! Retomando o princípio, escorregando a vassoura microfonada para o autor, retomo que foi novamente distanciado, instituído uma verdade inamovível nessa obra. De que apenas o amor, sublime amor, apenas Ele me move em direção... perdão, esqueço do algoz!

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